Fernand Léger
17 de agosto de 1955, Gif-sur-Yvette (França)
Retratando máquinas e engrenagens, a obra de Léger celebra o progresso industrial
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Léger se sente atraído por Cézanne, que afirmava poderem todas as figuras naturais se transformar em geométricas, ponto de partida do Cubismo. Por volta de 1910, Léger faz parte do grupo de intelectuais que haveriam de revolucionar a arte francesa: Apollinaire, Max Jacob, Blaise Cendrars, Reverdy, André Salmon e Robert Delaunay, principalmente.
Nesse período descobre ainda a pintura de Henri Rousseau e os primitivos, que o influenciarão. Destaca-se nessa fase sua tela "Nus na floresta", iniciada em 1909 e apresentada na exposição de 1911, no Salão dos Independentes.
Nesse quadro, como em "Mulher de azul", que marcam o apogeu da fase cubista do pintor, já se podem perceber as características pessoais, que o distinguem do movimento. Léger se preocupa mais com o aspecto sensorial do tema do que com a rigorosa análise cubista da relação espaço-objeto. Liga os objetos tubulares, geometricamente cortados, a elementos naturalistas do ambiente, através de formas ligeiramente arredondadas e amplas, cujas cores contrastantes lhes revelam o dinamismo.
A transformação
Em meados da década de 1920, novamente impulsionado no rumo do não-figurativismo, Léger se encontra com Le Corbusier. A partir desse momento, a pintura mural será outra constante de sua obra. Durante a Segunda Guerra Mundial Léger vive nos EUA, descobrindo "a intensidade norte-americana". Algumas de suas obras mais importantes datam desse período. Um ano antes de morrer, o pintor completa "A grande parada", considerada a síntese de sua arte, monocromia cortada por faixas fortemente coloridas, ligando estranhas e poéticas figuras humanas.
Na opinião do crítico e historiador Giulio Carlo Argan, Léger "foi um admirador da pureza e simplicidade das imagens de Rousseau; foi um dos primeiros a se associar, em 1910, à pesquisa cubista; é, e se mantém por toda a vida, um homem do povo, um trabalhador que acredita cegamente na ideologia socialista, a qual ingenuamente associa ao mito do progresso industrial. Para ele, os objetos simbólico-emblemáticos da civilização moderna são as engrenagens, as tubagens, as máquinas, os operários da fábrica: sua finalidade é decorar, isto é, qualificar figurativamente o ambiente da vida com os símbolos do trabalho da mesma maneira que, antigamente, decorava-se a igreja com os símbolos da fé".
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