IMPORTANTE

Turma do 8º ano,

O site indicado no livro de vocês foi hackeado.

NÃO CLIQUEM em nada na página que está aparecendo.

Não entrem mais em sites sugeridos, principalmente esse.

Entrarei em contato com a editora, mas eles vão tirar a indicação somente na próxima edição.

Obrigada aos alunos que me avisaram.


Espero a compreensão de cada um pois, infelizmente a internet é um universo amplo de informações, mas nem sempre confiável.


Abraços

Vanessa

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

van guarda

Pretensa nobreza e artistas  reacionários não se conformavam com o acesso do povo à cultura .Não viam com bons olhos a democratização da sociedade com a revolução industrial e ascensão da burguesia.Queriam diferenciar-se da “multidão vulgar” em meio a qual se sentiam  anônimos,  despersonalizados. Trabalhadores melhoraram de vida, tinham descanso em férias, sábados, domingos , e até faziam excursões . Com tempo livre participavam de esportes, de jogos organizados. Havia conglomerações em toda parte. A partir de l.87O, surgiam associações, clubes, sindicatos, torneios. O fortalecimento dos estados nacionais dependia da educação nas escolas, o povo sabia ler e escrever, publicavam-se livros, jornais e revistas, modernizavam-se os meios de produção e de comunicação.  Acabavam-se os privilégios das “classes altas”.Com os novos ricos e políticos profissionais acima da nobreza decaída, plebeus tornavam-se cidadãos com direitos e freqüentavam os mesmos lugares que elas. Tudo isto explicava o ódio à burguesia e seus novos valores, direitos humanos, liberdade e progresso, tanto quanto à sua arte popularizada, em síntese: o romantismo. Artistas também ciosos de suposta superioridade não podiam perder a identidade, confundidos com a “ralé”.Queriam afirmar a sua ascendência. Homens e mulheres de sensibilidade teriam de admirar apenas o excepcional. Então o uso de drogas, a homossexualidade, tudo seria válido para dela diferencia-los. E para afirmar a superioridade falavam em purificar a nação, pregando o anti-semitismo. 
“É tudo vaidade e aflição de espírito, diz Eclesiastes na Bíblia. Queriam, pois, sobressair-se, o que é comum em nossos dias:“o que foi é o que há de ser”. Então criaram a arte dos indiciados, divorciada do público. No princípio a música sem melodia, os versos sem métrica, rimas e poesia, o romance sem enredo. Experimentos formais enigmáticos, vazios de conteúdo. Uma arte para os “superdotados”, vedada às classes pobres tal como ocorria nos tempos de reis e nobres. Representara reação retrógrada de desprezo à democratização e ao humanismo, enquanto não se evidenciavam as contradições próprias no processo cultural. Já se estendiam ao campo das artes e da literatura, como na História, bem ou mal interpretadas as concepções darwinianas, freudianas e marxistas. Contribuíam para a substituição da crença em Deus pela crença em  super-homens acima do bem e do mal, como de artistas, eles sim destacados das massas, capazes de criar novas realidades. A tal caráter negativo que influiu na arte de vanguarda acrescente-se a idéia das novas doutrinas de supremacia racial e nacional , de legitimidade das ditaduras. As conseqüências vieram com o nazismo, o fascismo e o comunismo de Lênin e Stalin. Apesar disso, logo considerada por Sartre a filosofia insuperável do tempo, o marxismo devido à luta de classes e ascensão do proletariado era uma contradição no processo cultural, uma resistência ao caráter negativo. Realçando como qualidade essencial nas artes o realismo, defendia ao inverso uma arte contrária ao domínio sobre o proletariado, a qual repercutiu positivamente em todo o mundo, ainda que se tornasse facciosa, política.
 Eis a origem e a razão das composições exóticas, algumas vezes até chocantes, ainda em nossos dias como as da “Pop Art” nos Estados Unidos.
 Em relação ao proletariado, a burguesia rica e sua intelectualidade desempenharam papel idêntico ao da aristocracia e a sua intelectualidade.
 Pode-se também compreender o manifesto de Marinetti, pregoeiro fascista a prescrever programa contracultura que originou aos que não o aceitavam a designação de acadêmicos. E por mais paradoxal que se afigure as experiências são sempre válidas, fazem parte do aprendizado para a busca do certo e do novo.
 O romantismo rompera com os padrões clássicos e dera maior liberdade aos artistas precedendo as artes de vanguarda, mas estas engrossadas por tantas vertentes em seu percurso, como afluentes, deixando às margens o entulho, ainda que conservando contradições, desaguaram no grande e caudaloso Modernismo. Então as conquistas formais e a liberdade aos artistas não tiveram mais limites. O realismo como em todos os tempos e escolas foi e é o divisor das águas entre o positivo e o negativo. Havia razões na posição formalista, no cubismo, no abstracionismo, no surrealismo. Ainda que se considerassem autônomos em relação à sociedade, não o eram! Essas e outras concepções semelhantes só fazem esplender ainda mais o real e o humano como princípios eternos da arte. O realismo deixa de ser restrito a representações naturalistas. Reconhece a existência de liames verazes com a natureza não só na intuição, mas nas emoções, no imaginário e até no fantástico.Um realismo artístico ainda, lógico pelo nexo de causalidade, inspirado, dependente de talento. Não fora tal compreensão não se poderia falar em ficção e poesia realistas. Não há como negar a importância de Cèzane, crença em mundo transcendente; de Braque, pintura de essências; de Wolfgang Paelen, supressão da perspectiva e horizonte; dos gênios adaptando-se às condições novas, que vencem as barreiras de todas as correntes. Certamente a fantasia não significa de todo um rompimento com o real e o humano. O que não se pode concordar é com a negação do conhecimento, do mundo objetivo e a exclusão dos sentimentos. Afinal, quanto mais uma arte procurar afastar-se do real e do humano, considerando-se autônoma, debilitando-lhe os liames, revela seu caráter reacionário, decadente.
 Belo exemplo positivo é o de Picasso. Não bastasse a apreensão das características permanentes em suas figuras, com seu talento expressa em “Guernica”, no mais formidável realismo, o horror da guerra, mais do que a cidade destruída, a dor, a desolação, a própria guerra. Dá formas a um conteúdo de razão e emoções, de revolta, tudo calado em seu espírito, numa catarse materializado na obra.
 Mudara muito o mundo no período das grandes guerras do século XX, culminadas com hecatombes como a de Hiroshima. Já estavam em voga idéias liberais, cientismo na poesia e no romance, novos processos de crítica e história literária, alterações na lingüística, No entanto, o capitalismo gerara a corrupção também na área cultural.  Tudo parece ter preço quando o valor absoluto é o dinheiro. Intelectuais tentavam deter o avanço das classes trabalhadoras através de obras simplesmente alienantes ou de objetivo reacionário.Com o desenvolvimento econômico-social, avanço das ciências e da tecnologia, a massificação atingia índices cada vez mais elevados. Sobrevivera também o romantismo, ainda após as manifestações mais importantes. A massificação alcançara indistintamente os meios artísticos e literários. Tal fenômeno concorria para a popularização e até banalização das artes em ambas correntes estéticas. De um lado, cascata de trovas, sonetos repetitivos, autores maçantes, prosaicos, copistas; de outro, produção em massa de simulacros literários, piadas, tolices, aos milhares as coletâneas de versos sem sentido, quando não oculto para advinha-lo a crítica. Contos e mais contos paupérrimos de conteúdo a pretexto de interesse pelo cotidiano e pela linguagem falada.  Na verdade todos autores apenas de conhecimentos rudimentares sobre a escrita e a poética, menos ainda sobre filosofia e história. Mas tanto uns como outros a repetir as mesmas coisas como os comentários e crônicas que ainda fazem sobre o noticiário da mídia. Ou a procurar notoriedade apelando para temas de violência e erotismo, não amor.
 Coube-nos formular o realismo humanista, que autentica em razão de todos os valores intrínsecos e explica a perdurabilidade de uma obra de arte. Considera natural e necessária a incorporação de pesquisas formais adequadas ao conteúdo. Toda arte é cognoscitiva, realista, e maior quando de exaltação estética. Exemplifiquei-a com Picasso. E’invenção, fruto também de imaginação e emoções, há nela o espírito do artista, a sua realidade íntima, sua visão singular. Pode transfigurar o real para revelar-nos forças que o movem, o poder, o significado, tudo que é. Seu dom é inato e se nos afigura, como a fé, um  conhecimento pretérito e do futuro.
 O realismo humanista aprova estilos de linguagem. As imagens poéticas na escrita são as metáforas, hipérboles, alegorias,  parábolas, símbolos e outras figuras estilísticas nos versos, contos ou romances. As imagens visuais são as do desenho, da pintura, da escultura, e não literárias. Na poesia é imperioso destacar que no verso livre há dependência do ritmo pessoal, inexistente numa grande maioria. Ou de um “eu lírico”que alcance horizontes mais altos.

Entre nós, desde as primeiras manifestações predomina a literatura realista, principalmente na prosa. Na poesia, nem tanto quando experimentalistas adotam o pensamento parnasiano de “arte pela arte”.Convém lembrar que o modernismo no Brasil é, antes de tudo, uma revolta justamente contra o parnasianismo.E torna-se necessário ressaltar a afinidade entre o romantismo e o modernismo em torno “de espírito revolucionário”, como afirma Mario de Andrade. E’quem destaca a função social do intelectual, lidera a corrente de artistas participantes buscando na literatura popular, no folclore, na música, na pintura e na língua a identidade nacional. São presentes as obras de Portinari, Di Cavalcante, Goeldi, Anita Malfatti, Augusto Rodrigues, Poty, Dorel. Na música não agrada o atonalismo e a engrandecem Vila Lobos, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Guerra Peixe.
 No Brasil, é vanguarda o modernismo, tem caráter progressista e, sob a influência de Alceu Amoroso Lima, com o seu nacionalismo servindo-lhe de esteio. E’ um grande marco em nossa História.  Houve nesta, todavia, uma lacuna que procuramos demonstrar e reparar quando da publicação do romance “Arcabuzes”. A revolução liderada pela burguesia, das classe urbanas, contra a  monarquia , a aristocracia e o escravismo,pela  República, que  em conseqüência  de uma contra-revolução envolveu a Nação  em sangrenta guerra civil . Fato de maior significação histórica no País, até então ignorado ou omitido por falta de interpretação.
Tanto um conto como “Curiango”, de Afonso Schimite, ou “Cemitério de Elefantes” e “Morte na Praça”,de Dalton Trevisan, revelam o essencial. Pois a excelência de uma obra de arte moderna se reconhece pela exaltação estética na forma correspondente, que é pessoal. Pode inclusive não obedecer limites entre um gênero e outro, com forma apropriada ao assunto. Isto acontece numa verdadeira crítica-poema, por assim dizer, da mais pura exaltação estética do escritor Miguel Sanches Neto ao pintar um painel literário sobre o Aleijadinho e sua obra.
 Procuramos num pensamento brasileiro fundamentar um novo realismo com princípios e valores humanos perpétuos. Achamos que, com o modernismo, sem os preconceitos da decadente nobreza e artistas reacionários do século XIX, que desprezavam o povo, há sim uma arte de vanguarda. Os autores voltam-se para a vida, para o social, para o real e o humano, expressando-se em suas obras. Não são iniciados em artes ocultas para se diferenciarem julgando-se superiores. Amam e valorizam o próximo, dando substância à arte de vanguarda.

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